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Projeto Glass Recycling amplia logística reversa

Uma pesquisa feita pelo Ibope, em 2018, mostra que 95% dos brasileiros concordam que o mais correto a se fazer é separar os diferentes tipos de lixo e dar a eles o destino correto. Mas apenas 25% das pessoas fazem essa separação, enquanto 66% afirmam saber pouco ou muito pouco sobre coleta seletiva. A falta de informação é apontada como a principal responsável pelos baixos índices de reciclagem no País.

Para ajudar a mudar essa realidade, a Owens Illinois (O-I), líder mundial na fabricação de embalagens de vidro, se uniu no estado da Paraíba com a RCTEC Soluções Ambientais, consultoria especializada em desenvolver projetos voltados para destinação correta de resíduos, criando o projeto Glass Reciclying. A ação busca mostrar alternativas para a destinação dos vidros gerados nos bares e restaurantes de João Pessoa, fomentando a reciclagem e reduzindo a extração de recursos naturais para a fabricação de novos produtos.

Apesar de ser um material 100% reciclável, o vidro ainda é constantemente descartado de forma incorreta pela população brasileira, o que faz com que apenas parte desse material chegue às fábricas para ser reciclado. O descuido com o descarte, como misturar cacos de vidro com resíduos orgânicos, usar garrafas como depósito de outros tipos de lixo ou simplesmente descartar o vidro em local inadequado, são hábitos ruins muito praticados no cotidiano brasileiro e que são entraves para promoção da proteção ao meio ambiente.

Mesmo não liberando resíduos contaminantes no solo ou nos lençóis freáticos, o vidro é o material que mais demora a se decompor na natureza e o descarte incorreto faz com que ele ocupe um grande espaço em aterros sanitários. Todo esse vidro descartado pode ser transformado em novas embalagens: 1 kg de vidro reciclado ou de cacos beneficiados substitui o uso de 1,2 kg de matéria-prima virgem. Além disso, o uso de 10% de vidro reciclado no processo de fabricação de embalagens diminui em 5% as emissões de carbono e economiza 3% de energia.

Parceria

A ideia de estabelecer um negócio que facilitasse a prática da logística reversa (PNRS — Lei nº 12.305/2010) em João Pessoa nasceu de uma percepção de Flávio Costa, gestor do projeto Glass Reciclying, de que os bares, restaurantes e quiosques da orla da capital não conseguiam descartar os resíduos vidreiros de forma correta. A consultoria passou a fazer visitas nesses estabelecimentos e criar parcerias, disponibilizando compartimentos próprios para o descarte de vidro nesses locais, evitando assim que o vidro se misturasse com outros resíduos — tais como comida, plásticos e latas – como acontecia anteriormente.

A O-I faz parte dessa iniciativa com a RCTEC desde maio de 2019, quando os primeiros coletores foram disponibilizados nos comércios parceiros para receber essas embalagens. “No primeiro semestre, foram coletadas e enviadas à companhia cerca de 320 toneladas de vidro. A perspectiva é arrecadar mais 468 toneladas até o final do primeiro ano de projeto. Ou seja, em 12 meses a iniciativa deverá recolher mais de 700 toneladas de materiais que antes não tinham destino adequado”, explica Lucia Moreira, coordenadora dos projetos de reciclagem da O-I.

Dada a sua importância e o impacto positivo que a iniciativa é capaz de causar, a expectativa é que o projeto continue, cresça e seja expandido para, pelo menos, mais 12 pontos de coleta nos próximos meses. A partir de maio de 2020, Flavio sinaliza que há planos para expandir o projeto também para outras cidades. “O nosso foco principal agora é investir na ação em João Pessoa, mas pensamos na expansão para outras capitais, replicando o mesmo formato que já vem dando bons resultados”, adianta Flavio Costa.

O Bar do Cuscuz, um dos mais importantes da orla de João Pessoa, abraçou a iniciativa após receber a proposta de participação, que inicialmente precisou de alguma adaptação — como criar o hábito de separar o vidro nas lixeiras adequadas e não misturá-lo com outros resíduos. “Percebemos a seriedade do projeto e a grande ajuda ao meio ambiente e ao município que poderíamos proporcionar. Temos satisfação em poder afirmar que fazemos o descarte adequado e, com certeza, queremos passar esse aprendizado para a nossa clientela”, conta Erivaldo dos Santos Andriola, gerente do estabelecimento.

Como acontece

Além dos recipientes de coleta instalados nos estabelecimentos, também são disponibilizados contêineres em Pontos de Entrega Voluntária (PEV’s), para receber o acúmulo de vidro. Essas caçambas têm 7 m³ e capacidade para armazenar até 4 toneladas de cacos. Após essa coleta, é a vez a operadora logística da região, Atrevida Locações, responsável pela coleta e armazenamento, e transporte da carga até o destino final: as fábricas da Owens Illinois.

Fonte: Ketchum